Como identificar as características dos aprendentes digitais e as competências técnicas, digitais e socioemocionais que precisam ser desenvolvidas durante o processo de ensino e aprendizagem?

 

Pesquisas teóricas, bibliográficas, conduziram à elaboração de uma metodologia cujos fundamentos possibilitaram a aplicação em diferentes contextos (FREIRE, 2020, BRESOLIN, 2020).

 

As mudanças tecnológicas, culturais, educacionais sociais sobre indivíduos, grupos e organizações impactam a redefinição de valores, propósitos, processos de ensino e aprendizagem, conteúdos, recursos, organização curricular, mas, em especial, o papel do Professor e do Aprendente, a relação entre eles e todos esses elementos.

 

A nova geração de aprendentes digitais requer aprendizagem prática, ativa, que permita a aplicação de conhecimentos em situações da vida real.

 

Além disso, é preciso considerar o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo, das competências socioemocionais necessárias para a sociedade em transformação digital. A interação com o ambiente tecnológico é identificada na forma como os nativos digitais pensam, processam informações e conhecimentos. São curiosos, imediatistas e ágeis, ao mesmo tempo que executam multitarefas e encontram dificuldade em se concentrar. Gostam de definir o próprio ritmo e compartilhar com colegas a resolução de um problema. O ambiente ideal para a aprendizagem é aquele que integra teoria e prática.

 

Essa geração tem especial interesse por causas sociais e ambientais, que envolvem comunidades locais e seus problemas complexos. Entendem que essas experiências, além de aumentar sua rede de contatos, podem desenvolver outras competências que possam alavancar uma ocupação futura.

 

Essas características criam oportunidades para as Universidades, e as Universidades Corporativas oferecerem experiências práticas e projetos em parceria com redes de aprendizagens, como ecossistemas de inovação, instituições, comunidades, organizações públicas e privadas, desenvolvendo competências profissionais e socioemocionais dos aprendentes.

 

A necessidade de utilização de tecnologias digitais da informação e comunicação, consideradas básicas para a sociedade em transformação digital, é outro desafio a transpor.

 

Os percursos formativos estruturados a partir da Metodologia da Neoaprendizagem envolvem a utilização de recursos ativos e ágeis, criando  contexto para a utilização prática dessas tecnologias.

 

Além das técnicas e digitais, um outro conjunto específico de competências de natureza socioemocional desenvolve a capacidade de consciência, compreensão, expressão e regulação comportamental, oportunizando a autonomia e responsabilidade pela própria aprendizagem, sociabilidade, para atuar em grupo de forma colaborativa com tolerância às diferenças, estabilidade emocional e autocontrole dos sentimentos e emoções.

 

A sociedade em transformação digital exige competências como adaptabilidade, aprender a aprender, autogestão, criatividade, empatia, engajamento, escuta ativa, gestão do tempo, liderança, negociação, pensamento crítico e analítico, orientação para resultados, responsabilidade socioambiental, resolução de problemas, trabalho em rede, visão futura e visão sistêmica, entre outras.

 

A Neoaprendizagem é definida como uma plataforma metodológica andragógica de ensino e aprendizagem experimental e expansiva, que estabelece caminhos de inovação para a tríade, aprendente-ensinante-universidade (BRESOLIN et al., 2021).

Fornece uma base teórica, metodológica, para a educação de jovens e adultos, pois respeita os diferentes estilos de aprender e ensinar, estabelece um processo de coprodução do novo conhecimento em redes de aprendizagem. Promove a fluidez entre os papéis de ensinantes e aprendentes de forma intencional, criando ambientes colaborativos, utilizando métodos ágeis e ativos de aprendizagem para o desenvolvimento de competências, capacidade de expansão e a prontidão para a transferência do aprendizado para a prática.

 

A teoria da aprendizagem experiencial fornece para a Neoaprendizagem a base teórica e prática para a inovação educacional conforme proposto por Kolb (1984, p.38): o indivíduo é capaz de aprender a partir de suas experiências, sendo essa experiência a base para a criação do conhecimento, que é continuamente criado e recriado.

 

A teoria da aprendizagem expansiva (ENGESTRÖM, 2022) trouxe outra contribuição para a Neoaprendizagem ao incluir na expansão do objeto de aprendizagem as relações entre o contexto do aprendente (universidade, empresa, escola, comunidade, ONG…) e o contexto de aplicação prática, expandindo para as redes de aprendizagem.

 

Essa teoria pressupõe o diálogo entre múltiplos atores, levando para a sociedade a aplicação e cocriação de conhecimentos, coprodução de soluções, pela criação de redes de aprendizagem que transcendem fronteiras.

Portanto, além de considerar as características dos aprendentes digitais, a Neoaprendizagem propõe o aprendizado prático e aplicado com uma metodologia inovadora que os desafia a buscar novos conhecimentos.

 

Saiba mais: BRESOLIN, Graziela Grando; FREIRE, Patrícia de Sá; PACHECO, Roberto C. S. Neoaprendizagem, 10 passos para a prática andragógica, experiencial e expansiva in: Coleção Universidade corporativa em rede, da teoria à prática andragógica. Florianópolis: Editora Arquétipos. Ed.1 v.3. 2021.

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